domingo, 10 de julho de 2011

Muito trem e pouca bala.

A Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e OAS declararam ao governo que não vão participar da licitação do trem-bala, marcada para a próxima segunda-feira, 11.

Como nenhuma das construtoras dará o tiro, o consórcio coreano que se havia constituído para disputar se desfez: o BNDES garantira a eles que uma das empresas nacionais se juntaria a eles. Se nada mudar até segunda, a licitação será deserta.

As construtoras alegam que o valor apresentado pelo governo, R$ 34 bilhões, está muito abaixo do real custo da obra, que, segundo os cálculos dos seus técnicos, chega a R$ 64 bilhões.

O governo chinês inaugurou, há três dias, a linha de 1.318 km, Pequim-Xangai, do trem-bala, a custo de US$ 20 bilhões, o equivalente a R$ 34 bilhões, exatamente o preço do governo do trecho brasileiro, cuja extensão é de 518 km.

O custo chinês produz celulares de última geração a 20 dólares, e que se as construtoras nacionais contratassem os trabalhadores nas mesmas condições que os chineses e comprassem insumos ao mesmo preço, o valor do governo ainda não seria exequível.

O trecho do trem-bala Paris-Londres, de pouco mais de 400 km, com um trecho sob o Canal da Mancha (o maior túnel submarino do mundo), de 50 km, custou R$ 43 bilhões.

O trecho Campinas-São Paulo-Rio de Janeiro terá quase 30% do seu trajeto em viadutos. Para atravessar as serras o projeto prevê mais 33% do trecho em túneis, havendo passagens, na Serra das Araras, que são rocha pura.

O custo Brasil é altíssimo e que os governos brasileiros se acostumaram a pagar pouco, contentando-se com estradas, por exemplo, que vão esburacar em um ano.

Carros diminuem a velocidade e desviam da buraqueira, o trem-bala, todavia, não pode correr sobre trilhos mal assentados: ou a obra é feita em estado de arte ou não é feita.

Nenhum comentário:

Postar um comentário