Matéria de Ramón Lobo, publicada no El País, repercute uma recente lei afegã que autoriza os homens da etnia Hazara a privarem as suas esposas de alimento, caso elas lhes neguem sexo.
Ramón entrevistou um líder religioso, o Mulá Mohakik Zada, que argumentou que a lei veio para proteger a mulher: "antes a mulher não poderia recusar o sexo ao marido. Com a nova lei, ela pode negar sob a alegação de estar menstruada ou doente, e agora elas também podem sair à rua sem a autorização do marido, em caso de doença ou urgência".
Ao juízo do Mulá a lei é um avanço, pois antes a mulher, em hipótese alguma, podia sair à rua sem o marido. Ele justifica: "o homem se compromete a manter a mulher em tudo desde o momento em que ela sai da casa de seu pai, e é lógico que tenha o direito de permitir que não saia à rua".
Para fundamentar-lhe a fala, o líder religioso vai às páginas do Corão, no capítulo em que o Livro regulamenta a obediência da mulher ao marido no que tange ao sexo.
Segundo o Corão, se a mulher se negar a satisfazer as necessidades sexuais do esposo, a reação deste deve seguir rigorosamente a seguinte ordem: "primeiro, deixar de falar com ela; depois separar as camas; terceiro, dar-lhe um aviso e só em último lugar é permitido bater suavemente, sem causar feridas".
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