terça-feira, 25 de outubro de 2011

A história que não será contada.

As forças do CNT cercaram o derradeiro bunker de Kaddafi, em Sirte, por volta das 10h45m do dia 20.10.2011.

O comandante da operação na Líbia, Mohamed Leith, disparou uma ligação para Nápoles, na Itália, quartel general da “Operação Protetor Unificado”, sob responsabilidade da OTAN.

Atendeu a ligação o general da Real Força Aérea canadense Charles Bouchard, comandante das incursão aéreas da OTAN na Líbia, que já tinha ordens do secretário geral da organização, Anders Rasmussen, para impedir a fuga do ditador.

Às 10h00m, dois Lockheed U-2 deixaram o porta-aviões francês "Charles de Gaulle", fundeado no Mar da Líbia, rumo ao céu de Sirte: os U-2 forneceriam, em tempo real, as imagens da área que fora previamente delimitada pelo comando terrestre.

Concomitantemente, quatro Rafales decolaram da Catania, na Itália. Ao alcançarem Sirte sintonizaram suas respectivas telas de ataque nas imagens dos U-2.

Às 11h00m, ao comando de Mohamed Leith, as forças rebeldes arremessaram-se ao quartel general de Kaddafi. Os atiradores do ditador, dispostos nos quatro últimos edifícios da cidadela, não foram capazes de conter a avalanche que progredia em força bruta.

Às 11h:43m o comando, em Nápoles, visualizou na tela do espião um comboio de 80 veículos deslocando-se ao sul, no sentido de Sawknah, no seio do deserto.

O general Charles Bouchard intuiu que em um dos veículos tinha que estar Muamar Kaddafi: avisou Mohamed Leith que determinaria aos Rafale que interceptassem o comboio.

Os Rafale, ao comando de Nápoles, mergulharam, travaram a mira e despejaram seus Apaches sobre o comboio.

Em um dos veículos estava Kaddafi, que foi atingido nas pernas por estilhaços e saiu, ao saltos, aproveitando como manto a cortina de poeira e fumaça que se formou na liça. Ao largo, vislumbrou a turba resfolegando-lhe o encalço: a sua larga túnica marrom foi o beijo de Judas, entregando-lhe no meio dos demais componentes do comboio.

Kaddafi crispou a sua pistola dourada e remeteu-se em fuga sob o Sol da Líbia que há 42 anos libertara do Rei Idris I, mas, para o seu infortúnio, quis ele mesmo ser outro rei.

Como um cão ferido em busca de guarida o ditador enxergou em um bueiro uma casamata: meteu-se ali, mas, tão logo esfolegou, as mãos da Líbia já lhe cobravam o indébito, arrancando-o de volta à luz do meio dia.

Um jovem arrancou-lhe das mãos a pistola dourada e Kaddafi foi arrastado, sangrando, aos gritos de regozijo da multidão que já se fazia ao seu redor, para constatar que ali se acabava uma era de repressão.

No meio da turba que levava o cambaleante ditador para um veículo, o jovem que lhe tomara a pistola mirou-lhe a fronte.

Segundo o correspondente da BBC, Gabriel Gatehouse, Kaddafi indagou ao jovem: “O que fiz a você?”. O jovem premiu o gatilho à queima-roupa. Kaddafi tombou no vazio de um enorme abismo que cavou, durante 42 anos, com os próprios pés.

Fonte : O Globo.

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